Nesse dia que é dedicado a mulher eu tenho um desabafo a fazer.
Passei a minha vida inteira com medo de me parecer com uma mulher. E o que é triste é que muitos hoje em dia ainda carregam esse medo.
Sou o quarto filho de uma prole onde só tinham homens. Minha mãe teve quatro filhos homens.
Fui criado com o filho da mamãe. Vivia na Barra da saia dela pra qualquer lugar que fosse.
Aprendi a lavar louça, cozinhar, costurar. Trabalhos que até hoje as pessoas atribuem as mulheres.
Por isso era obrigado a ouvir frase do tipo. Vá lavar a louça mulherzinha! Vai varrer a casa mulherzinha!
A medida em que fui crescendo me aproximei ainda mais das mulheres. Minhas melhores amigas sempre foram mulheres.
Daí o preconceito não acabou, apenas evoluiu.
E esse jeitinho? Engrossa essa voz!
Cuidado com a mãozinha!
E essa roupa colorida?
E esse andado? Cuidado com esse cruzado de pernas!
Sofri muito porque não queria me parecer com uma mulher.
Hoje eu entendo o porque as mulheres sempre me chamará mais atenção.
Aprendi com minha mãe MULHER a ser criativo, organizado e não precisar de ninguém quando quiser comer algo ou ter algo limpo.
Aprendi com ela também que frágil é o homem que pensa que ela não será capaz de cuidar de si mesma caso ele vá embora.
Aprendi com minha mãe que a vagina não determina o caráter de ninguém.
Sabe porque minhas melhores amigas sempre foram mulheres? Porque sempre se mostraram mais inteligentes e falavam menos besteiras.
Elas também eram mais sinceras, divertidas e muito mais amigáveis.
Elas sempre me ofereciam passeios mais divertidos, animados e sem brincadeiras de mau gosto envolvendo pancadarias.
Hoje não tenho mais medo de me parecer com uma mulher, pelo contrário. Meu medo é de me parecer com certos homens.
Claudio Rosa
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