segunda-feira, 30 de julho de 2012

O que é interdisciplinaridade?


A proposta de trabalho que pretendo desenvolver terá como foco a interdisciplinaridade, tendo em vista que essa postura tem sido bastante discutida no meio acadêmico. Segundo os estudos de Ivani Fazenda, a teoria do movimento interdisciplinar poderia ter sido dividido em três décadas de 70, 80 e 90. Na década de 70 houve uma procura da definição de interdisciplinaridade, já na década de 80, as tentativas giravam em torno de explicitar um método, nos anos 90, a grande busca se dava no âmbito das teorias, a famosa teoriazação do método. 

Apesar de todo esforço para divulgar o método, nota-se no ambiente escolar certo descaso, principalmente no ensino fundamental e médio. Os professores se dizem interdisciplinares, porém nem se quer sabem explicar o conceito. Ela continua sendo uma grande utopia para os educadores que estão em sala de aula, fazem até algumas buscas didáticas, porém acabam desistindo, voltando assim para as antigas rotinas escolares, isso quando nos referimos à grande massa de professores, pois sabemos haver alguns trabalhos excelentes publicados de experiências que deram certo. 

Antes de se tomar essa postura se faz necessário refletir sobre ela, pois é o que norteará todo o projeto. Não basta se ter vontade de praticar a interdisciplinaridade, é preciso um certo desejo político pedagógico que vai além de discursos, Ivani fazenda aborda que: 

(...) uma atitude diante de alternativas para conhecer mais e melhor, atitude de espera ante os atos consumados, atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo – ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo – atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio – desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho – atitude de envolvimento e comprometimento com os e com as pessoas neles envolvidos, atitude, pois, de compromisso em construir sempre da melhor forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de revelação, de encontro, enfim de vida. (FAZENDA, Ivani, 1988, p. 82) 

Uma postura interdisciplinar garante a atuação mediadora do professor que agirá como um facilitador, buscando focalizar o interesse do aluno, facilitando o acesso aos materiais evitando assim a desuniformidade das ações, pois, assuntos compartimentados comprometem o processo interdisciplinar. 

Só podemos pensar na interdisciplinaridade quando se tem comprometimento, não funciona com grupinhos de sujeitos isolados cuja preocupação é com o produto final e não com o processo, algo que se vê nas avaliações de caráter quantitativo. Muito já se disse acerca da interdisciplinaridade. Entretanto, ainda não foi possível formalizar um conceito capaz de unir epistemólogos, filósofos e educadores em torno de um consenso. E será mesmo preciso tê-lo, no momento em que se constata, segundo Japiassú (1996), que a ciência ou algumas teorias científicas renunciaram às pretensões de totalidade e completude, e que a ciência busca a universalidade da prática e não de uma teoria afirmada aprioristicamente. Identifica-se, ainda, que a ciência já não é, em função do processo de disciplinarização, A CIÊNCIA, mas as Ciências Humanas, Sociais, Exatas, da Terra, dentre outros; e já não pretende absolutizar um conhecimento hegemônico. Neste contexto, a ciência não pretende perder de vista a disciplinaridade, mas vislumbra a possibilidade de um diálogo interdisciplinar, que aproxime os saberes específicos, oriundos dos diversos campos do conhecimento, em uma fala compreensível, audível aos diversos interlocutores.

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