
O autor da obra, “O que é o método Paulo Freire”, Carlos Rodrigues Brandão nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 14 de abril do ano de 1940. Desde 1963 ele trabalha com grupos e movimentos de educação popular, prática que iniciou no movimento de educação de base e que hoje continua através do Centro de Estudos de Educação e Sociedade (CEDES) e do Centro Ecumênico e Informação (CEDI). Ele é antropólogo e trabalha no Departamento de Ciência s Sociais da Universidade de Campinas (UNICAMP). Ensinou na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade Católica de Goiás. Tem várias publicações na área popular como: Cavalhadas de Pirenópolis; O Divino, o Santo e a Senhora: Peões, Pretos e Congos; A Folia de Reis Mossâmedes; Deus te Salve, Comer, Colher e pela Brasiliense.
Logo no início da obra, o autor tenta entender o por que e para quê serve o método de Paulo Freire e descreve detalhes de uma viajem realizada ao nordeste onde teve contato direto com os

No segundo capítulo, o autor discorrer historicamente sobre o método em si. Como ocorreu, onde, em que circunstâncias foi elaborado e para quem foi. Discorre sobre a aplicação do método como também sobre seus resultados. Leva-nos a voltar no tempo para, junto com Paulo Freire, sermos exilados devido sua forma de educação ter sido considerada perigosa durante o regime militar, porém faz-nos ressurgir com ele na descoberta do método por outros países mostrando para os brasileiros que sua produção também poderá ser significativa para o mundo. Em seu exílio, quanto mais o regime militar tentava tornar esquecido este autor com suas teorias consideradas ofensivas, mais ele era convidado por inúmeros outros países pelo mundo. Termina o capítulo com o retorno de Paulo Freire para o Brasil para aprender tudo de novo e, quem sabe tentar começar do zero.
No ABC do método, que é o terceiro capítulo o autor no repassa o passo a passo da forma de ensinar de Paulo Freire começando com a negação da imparcialidade da educação. Nenhuma forma de educar é considerada neutra. Como site o autor Cipriano Neto no início do livro em seus cordéis “quem dá o mote, dá a idéia”. Outra coisa interessante que o autor ressalta é que a cartilha utilizada na época com frases curtas e sem nexo eram totalmente vazias e sem sentido algum para os analfabetos e que era frustrante para os indivíduos passarem o dia inteiro trabalhando para passarem a noite repetindo frases do tipo “IVO VIU A UVA” ou “A AVE É DO IVO”. O método de Paulo freire era todo baseado e elaborado dentro do contexto em que o educando estava inserido. Os educadores ates de mais nada adentravam no universo cultural dos educandos investigando, pesquisando, levantando e descobrindo. De caderno de campo na mão, eles saiam em busca de dados que facilitasse seu planejamento. Palavras, frases, ditos, provérbios, vícios de linguajem, versos e músicas que traduzissem a vida.
Dando continuidade aos seus escritos o autor começa a desfragmentar o método para ornar mais fácil a sua interpretação. Começando com as palavras geradoras que são retiradas do contexto cultural do local em que os educandos estão. Mostra o porquê de palavras como Eva, Ivo, ovo, ave e sapato são tão universais quanto vazias. A partir dessas palavras se estudava os fonemas e as demais peculiaridades da língua. Com apenas cerca de 16 a 23 palavras era desenrolado todo o processo de alfabetização. No mesmo capítulo o autor faz um breve relato de como o método foi desenvolvido em outros estados brasileiros e que resultados causaram.
Depois de citar as palavras geradoras, surgem os temas que eram extraídos das próprias palavras. O método tenta demonstrar que cada palavra tem certo peso pragmático com teor afetivo e crítico. Cada palavra encontra-se carregada de dor, luta e esperança de quem tenta sobreviver do trabalho, vive passando fome e lutando para não perder o pouco de terra que ainda lhe resta. Nessa perspectiva palavras como “trabalho” transforma-se tema gerador que orienta todo o processo de aprendizagem. Os temas geradores são distribuídos em fichas que servem para orientar o trabalho. Daí parte a elaboração dos slides ou fichas de cultura que são desenhos feitos para se provocar o debate, as primeiras idéias entre os animadores, nome dado aos orientadores, e os educandos, ou até mesmo entre apenas os educandos. Essas fichas culturais às vezes eram trazidas prontas. Outras vezes eram criadas na própria comunidade por artistas locais.
Nas páginas seguintes o autor navega pelo trabalho com a fala, nos famosos círculos de cultura. Segundo ele, são assim chamados porque o propósito não é apenas ensinar a ler e a escrever, mas produzir modos novos e próprios, solidários e coletivos de pensar. Uma educação onde todos aprendem juntos, de fase em fase, de palavra em palavra, constituindo em outra maneira de fazer a cultura onde o homem torna-se sujeito de sua própria história, idéia chave no pensamento de Paulo Freire. Essas eram, segundo o autor, as finalidades das fichas de cultura, sugerir o debate a partir das imagens e situações existenciais. O método de Paulo Freire não dispensava as famílias silábicas, pelo contrário, elas eram trabalhadas só quede uma forma diferente, retirava-se a sílaba da palavra geradora e, a partir dela trabalhava-se sua família.
A proposta do método era ajustar os métodos de ensino já existentes, inovar e criar novas alternativas. Ele sita alguns exemplos como do Nordeste e do Rio de Janeiro onde o método foi utilizado para ilustrar suas observações sobre seu uso, um trabalho pedagógico de criação através do fazer solidário devendo partir da coragem de se recriar cada vez mais. O autor também faz menção do trabalho realizado no interior de Goiás onde pessoas alfabetizadas do próprio lugar foram preparadas para fazerem o trabalho do animador. Dando continuidade o autor também faz menção a um projeto de alfabetização dos funcionários de uma universidade de São Paulo onde foi identificado que 40 deles não eram ainda alfabetizados.
Hoje o método é visto como um rico instrumento que se encontra a serviço dos movimentos populares. De um modo ou de outro o método de Paulo Freire sempre foi empregado dentro de programas de educação de adultos, de educação de base, de educação popular. Na maioria dos casos os educadores estão tentando recuperar a prática de um método de educação popular criado há mais de 20 anos, procurando redescobrir o uso de um instrumento de trabalho com o povo através da educação numa nova realidade social e cultural.
Esse livro é bastante interessante e rico em conteúdo, com uma linguagem simples e objetiva o autor nos faz entender como funcionava e funciona o método de Paulo Freire. Os livros acadêmicos geralmente possuem uma linguagem muito elevada exigindo bastante dos leitores, porém o diferencial desse livro está na linguagem bastante simples. Vale apena não só ler o livro como também adquiri-lo principalmente quem até agora ainda não conseguiu entender como funciona o método de Paulo Freire.
Livro resenhado por Claudio Rosa
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